A hipnose​

Hipnose, segundo a atual definição pela Associação Americana de Psicologia, é um estado de consciência que envolve atenção focada e consciência periférica reduzida, caracterizado por uma maior capacidade de resposta à sugestão.

As pessoas respondem à hipnose de maneiras diferentes. Alguns descrevem que a hipnose é um estado de atenção concentrada, no qual eles se sentem muito calmos e relaxados.​

O uso da hipnose para fins terapêuticos ficou conhecido como hipnoterapia, e consiste em induzir o paciente a esse estado para conduzi-lo com sugestões a ter hábitos mais saudáveis, especialmente no quesito mental.

Quando a hipnose é autoinduzida, ou seja, realizada sem o auxílio de um hipnólogo, esse processo é conhecido como auto-hipnose.​

 

Como surgiu a hipnose?​

A hipnose começou a ser praticada no século 18, quando o médico alemão Franz Anton Mesmer defendeu sua tese de doutorado na Universidade de Viena. Ele afirmou que a existência de uma atração gravitacional entre a Terra e outros corpos celestes afetava a saúde das pessoas, sendo responsável por vários tipos de doenças mentais.​

Com o tempo, as técnicas de Mesmer ganharam fama até que o médico escocês James Braid resolveu torná-las mais aceitáveis. Ele adotou uma abordagem mais científica, e a partir daí a hipnose passou a ser estudada por mais pessoas – como o francês Jean-Martin Charcot (1825-1893), considerado o pai da neurologia, o psicólogo russo Ivan Pavlov (1849-1936) e o próprio Freud (1856-1939), que chegou a hipnotizar seus pacientes no começo da carreira.​

Mesmo assim, a hipnose só começou a ser aceita pela ciência em 1997, quando o psiquiatra americano Henry Szechtman fez uma experiência com oito voluntários. Eles foram vendados e ouviram uma gravação que repetia a seguinte frase: “O homem não fala muito. Mas, quando ele fala, vale a pena ouvir o que diz”. Szechtman desligou o som e pediu aos voluntários que tentassem imaginar a frase. Em seguida, hipnotizou todo mundo e disse que iria tocar a fita novamente., mas não havia nenhum som tocando. Mesmo assim, os voluntários disseram ter ouvido a gravação. O cientista concluiu que durante a alucinação e quando a gravação estava tocando de verdade, a atividade do cérebro era idêntica. Já quando as pessoas apenas imaginavam o som, a atividade era diferente.

Outros estudos comprovaram esse efeito e permitiram chegar a uma conclusão definitiva: a hipnose existe, não é fingimento e tem um efeito característico sobre o cérebro – é uma simulação perfeita da realidade, muito mais forte que a imaginação ou a autossugestão.

Como funciona a hipnose

Quando somos hipnotizados, há mudanças nos padrões das ondas cerebrais, onde várias estruturas do órgão são ativadas com maior intensidade – em especial as relacionadas à memória e às emoções. Há um rebaixamento da faculdade crítica e ficamos mais suscetíveis a sugestões. 

O objetivo é atingir um nível máximo de atenção para extrair da mente o que for preciso para ajudar no tratamento, aproveitando que as condições cerebrais obtidas deixam o paciente com maior abertura para ser sugestionado.​

 

Mitos e verdades sobre o que é hipnose

 

O que a hipnose NÃO pode fazer?​

  • Controlar a mente ─ Mesmo pessoas altamente hipnotizáveis não se tornam “zumbis”. Além disso, a hipnose cessa após alguns minutos.
  • Apagar memórias ─ Pessoas altamente hipnotizáveis podem se esquecer de acontecimentos, mas acabam se lembrando deles após algum tempo.
  • Hipnotizar bichos ─ Hipnose é um fenômeno da parte mais moderna do cérebro humano. O que acontece com animais é apenas catatonia (paralisia).



Perde a consciência?​

Não. Há quem acredite que a mente não volte ao estado normal após uma sessão de hipnose. É importante perceber que, durante a sessão, o hipnotizado não perde a consciência. 

A explicação é simples: ele apenas entra em um estado de grande relaxamento e atenção. A pessoa permanece acordada durante todo o processo e pode sair do transe sozinha.​

Porém, é importante ressaltar que existem casos em que o hipnotizado experimenta um estado de relaxamento tão agradável que não aceita a sugestão do hipnoterapeuta de voltar. Quando isso acontece, a pessoa permanece mais um tempo em transe e depois retorna ao estado normal.

 

Produz efeitos negativos?​

Muitos podem não entender muito bem o que é hipnose porque têm medo de suas reações indesejadas, principalmente porque pode ser difícil lidar com elas. 

No entanto, na maioria dos estudos experimentais, os sujeitos descrevem a experiência da hipnose como positiva.​

 

Tem comprovação científica?​

Sim! Existam muitos exemplos na literatura científica que atestam a utilidade da hipnose clínica.

Um deles é um estudo, publicado no periódico médico The Lancet, que recrutou 354 voluntários com problemas relacionados à síndrome do intestino irritável. Uma parcela deles recebeu aulas sobre o problema, enquanto a outra parte teve dois encontros semanais com um especialista em hipnose durante 45 dias.

Ao longo das sessões, os indivíduos ficavam concentrados e escutavam mensagens sugerindo que eles tivessem maior controle sobre o aparelho digestivo. Resultado: o segundo grupo relatou menos incômodos gastrointestinais.​

 

Todos podem ser hipnotizados?​

De uma forma geral, de crianças a idosos, todos podem ser submetidos ao tratamento com hipnose. O que muda é que existem níveis de profundidade em que o paciente entra em transe.

As pessoas diferem no grau em que respondem à hipnose. A capacidade de uma pessoa em experimentar a hipnose pode ser inibida por medos e preocupações decorrentes de alguns equívocos comuns.

Como dissemos, as pessoas que foram hipnotizadas não perdem o controle sobre seu comportamento, ao contrário de algumas representações de hipnose em livros, filmes ou televisão. A menos que a amnésia tenha sido especificamente sugerida, as pessoas permanecem conscientes de quem são, onde estão e recordam o que aconteceu durante todas as sessões de hipnose.